21.5.09

Fugacidades (II)

Falava demais, gesticulava demais. Deixava-se absorver pela própria paixão. Engolido pelo calor de seu brilhantismo, parecia não notar que ninguém — senão ele mesmo — parecia fazer ideia do dialeto que discursava.
A expressividade de que se abstinham os estreitos olhos indígenas se fazia externa pelos giros e marabalismos manuais. Alguns diriam que estes lhe garantiam um jeito afetado e indefinido. Eu digo que lhe garantem um jenesequoi de gente culta e geniosa: os bons e velhos humânicos.
Apoiava-se no quadro, encaretava-se para as paredes, condenava nossas mentes à malhação cultural. Perdia-se em exemplos excêntricos e muito pouco aproveitados pelos companheiros-de-meias-altas. É, esses mesmo, os de dentes lixados.
Juridiquês, economês, surfistês, citou. E foi. Foi falando o português. E eu, feito de gringo, fui tentando entender.

Um comentário:

Natália Albertini disse...

Poxa... o.o'
Não lembrava de quanta falta sua escrita me fazia.