25.4.09

Contemporaneidade.

"Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde
Vem não sei como, e dói não sei por quê."


Escrito por Luís Vaz de Camões. Pois é. Tempos modernos são o caralho.

22.4.09

Alma Encravada

Acordei cedo pra ver o circo pegar fogo
Pra me morrer mais um pouco
Esquecer o que é sentir demais, falar demais
Fingir pra tudo que estou rouco

Deitei-me tarde pra me enganar
De pouco em pouco, tudo vira chumbo
Teu riso vivo, meu pouco brio
Fecho meu peito, escondo o bumbo

"Me dá sua mão", deixa medir
Meus dedos vagos nos teus; ruir
Esconde o medo, prolonga a tarde
Já era, meu bem, sem mais alarde

No entanto, por fim me alegro
Se minhas costas rejeitam novos pianos
A caneta é meu alívio, abrigo, escape
Sem pretender, sou mais um entre levianos

19.4.09

Heresia

Eu não quero.
E nem vou.
Não vou aceitar que não sou eu quem barbariza com a minha vida.
Eu quero me ferrar sozinho.
Quero tropeçar nas minhas próprias pedras,
Quero sofrer mais um pouco, apanhar,
Quero que_______brar minha própria cara,
Quero que as minhas portas se fechem sem perceber que não entrei.
Quero me enterrar nos jardins que eu quiser,
quero me dobrar nas perdições que eu vir.
Fica daí, fingindo que existe.
Daqui, de baixo, eu finjo que respeito.
E passo meu tempo errando sozinho.

13.4.09

Muur

Sabe,
ando meio assim.
Ser contente é inerente àqueles de sorte plena e peito raso?
Tornar real é privilégio daqueles que pisam forte e pouco veem?
Desânimo é reflexo de alma triste ou castigo ao ego fraco?
O choro só é choro quando se faz chover ou quando fura por dentro?
Sinto pesar ou somente a inércia que trava em meio aos ventos?
Se questionar: é arte pura ou covardia burra?
Bem,
não sei.
Por isso ando meio assim.