30.10.08

Injeção na Testa

— O que é isso?
— O negócio, ué. Aquilo.
— Ah, sim, vejo que sim. Custa quanto?
— É maldade. É de graça. Então aí vai.
— Não, calma. Espera. Espera um pouco.
— Tá bom.
— Vai doer, isso?
— Provavelmente.
— Doeu da última vez?
— Sim, doeu.
— Muito?
— É. Mas doeria muito mais se fosse do outro jeito.
— Sim, é verdade.
— É.
— O que tem aí dentro dessa seringa?
— Ah, o de sempre. Mentira.
— Mentira?
— É.
— Ah, tá.
— E um pouquinho de falsidade.
— É...
— E covardia, as well.
— Ah, de fato, é o de sempre.
— É.
— Enfim...
— Sim.
— Pode furar.
— Tá bom.
— Caramba, doeu.
— Ninguém disse que ia ser fácil. Pensei que já fosse bem óbvio.
— Não sei se as mesmas regras se aplicam a nós dois... mas, enfim. Era só desconfiança. Agora é certeza.
— É.
— Isso aconteceu mesmo ou eu sonhei?
— Sim, aconteceu.
— Não é mentira?
— Antes fosse.

25.10.08

Relevância:

Voz breve
Vida aguda
Quisera eu ter outra bermuda:
Para provar ao mundo inteiro
Que eu não sou só mais um onzeneiro
E tenho dito

7.10.08

Pu-239



O azul que hoje ouvi

Cego algum ouviria
Mergulhado em luz do Sol
Do Fá, do Lá, do Mi
E do cliché

Nosso prazer
Em contrastar
Em conquistar
Em discordar
Em contradizer

Deixe que o circo pegue fogo
Que a vaca vá ao brejo
Que a porra dê merda
Tanto fará:

Tudo que é belo será chumbo
Tudo que é falso cairá
O que te parece tão óbvio, tão próximo
Em breve um reles resto será

Viva la revolución!