8.10.10

Outubros

Costumam ser farpas incômodas. Estive lendo. Queira o deus de vocês que eu vença mais esse, porque o meu me deixou alguns dias-de-padroeira atrás.

Valei-me.

Mãos Em Concha

Recolhido a um canto sem paredes do pátio, recurvava o corpo sobre as mãos unidas, criando um côncavo protetor sobre elas. As duas formavam uma espécie de concha quase cerrada, como escondesse algo cuidadosamente. Segredo.
Podia sentir ainda o escaldo do Sol, não tão estressante quanto se podia imaginar. Até mesmo aquela enganosa impressão de ouvir o som do mar ainda lhe era íntima. O tempo, esse então, nunca lhe parecera tanto uma estrada curta. Larga, mas curta.
A qualquer um, pareceria excêntrico. De fato o era, mas ninguém precisava saber. Nem mesmo fazia parte de seus planos revelar o que guardava com tanto esmero no esconderijo. E ponto final.

Segredo.

Mas, cá entre nós, eu conto. Ele tentava resguardar um visitante variável. Tentava resguardar um arisco raiozinho de Sol. Daquela mesma luz primeira da manhã.

Mas isso é segredo, hein.

5.10.10

Vermelho-morte

Quando veio o primeiro engano
Não deve ter sido coisa de homens
Nem de homem
Deve ter sido uma moça inconsolável
Que ao ver seu doce amor
Virar um amontoado de carnes mortas,
Teve a maravilhosa sensatez
De pintar a morte de preto
E não de vermelho-sangue
Como ela é e sempre será
Vermelho-morte
Morte vermelha que dói