8.10.10

Mãos Em Concha

Recolhido a um canto sem paredes do pátio, recurvava o corpo sobre as mãos unidas, criando um côncavo protetor sobre elas. As duas formavam uma espécie de concha quase cerrada, como escondesse algo cuidadosamente. Segredo.
Podia sentir ainda o escaldo do Sol, não tão estressante quanto se podia imaginar. Até mesmo aquela enganosa impressão de ouvir o som do mar ainda lhe era íntima. O tempo, esse então, nunca lhe parecera tanto uma estrada curta. Larga, mas curta.
A qualquer um, pareceria excêntrico. De fato o era, mas ninguém precisava saber. Nem mesmo fazia parte de seus planos revelar o que guardava com tanto esmero no esconderijo. E ponto final.

Segredo.

Mas, cá entre nós, eu conto. Ele tentava resguardar um visitante variável. Tentava resguardar um arisco raiozinho de Sol. Daquela mesma luz primeira da manhã.

Mas isso é segredo, hein.

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