15.1.15

Tapete mágico

Por lá já corria alta madrugada, aqui esta somente começava.

Segue qual relógio o compasso do coração?
O do corpo físico ou da obsessão?

Na aspereza do tapete mágico, companheiro de sonho e ensaio, ia-se da luz ao fogo, da certeza ao adeus. Para além dos vidros, erguiam-se as barras da cela sob um céu ocre, cada uma delas densamente habitadas.

Será que o tempo passa por aqui?
Ou corre nos trilhos de alhures?

A mente se materializava. Era a superfície de um lago turvo. Tocou-a. As ondulações correram das margens em direção ao centro.

Se eu penso nela, ela pensa em mim?
Se ela ainda existe, devo ter minha fé?

Quero.
Como da primeira vez.
Te quero.


Visita

Numa noite assim
De tempestade assim
Vem você
No anonimato

Destrancar baús
Revirar malfeitos
Me reler inteiro
Como um livro aberto

Ora, fui assim
Desse jeito assim
Mas eu me perdi
No meu não-dizer

Não seja por isso
Em bandeja de prata
Sirvo à visita
Sutil e disfarçada
Mais um trecho da minha estrada