13.5.09

Filme Mudo

Às vezes, descendo escadas, me sinto assim, em preto e branco. Como um daqueles filmes mudos, inexpressivos. Tudo o que me restou foi o músico apressado que preenche com sons o vão deixado pelas palavras. Palavras essas que se abrigaram sabe-se-lá-onde, deixando ecos para trás feito pegadas.
Não que eu ainda faça questão de me doer nessas agulhas que espetamos juntos; aprendi que o Além-mar, ainda que oniricamente, me guarda doces e salgados inesperados. Aprendi a ser criança direito, sem ter de desfiar alças inocentes, assim, sob olhares piedosos que recusei.
Meu espelho, no mesmo quarto chuvoso, hoje reflete um maior mais completo, por mais irônico que possa soar. Um olhar mais ensolarado, sorrisos mais ensaiados, distrações melhor planejadas. Um verdadeiro vice-campeão orgulhoso de sua prataria bem polida.
Fiz de mim um filme mudo, de fato. Um passo errado numa vida inconstante. Com muitas pedras a declarar e poucos a suportarem-nas, agora mexo em cordas. Talvez até ainda invente uma moda contextualizada qualquer dia desses. Só pra rir um pouco. E assumir que sou mesmo vintage.







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